1990-1999

Levantamento Documental: Plínio Süssekind Rocha (1990-1999)
#TranscriçãoPeriódico
1"O poeta como cinéfilo
[...]
Quem procurar profundidade analítica, ou enfoques inovadores, nesta coletânea de críticas-crônicas de Vinicius de Moraes sobre o cinema, vai sem dúvida se sentir decepcionado ao terminar o livro. Aqueles que mergulharem nos escritos do poeta, localizados principalmente nos anos 40, com paixão pelo cinema e interesse pela atmosfera cultural de uma época, é que sairão plenamente satisfeitos, experimentando um prazer que só os textos carregados de energia e vida podem proporcionar. [...]
Quanto à filiação do pensamento cinematográfico do poeta, já conhecíamos alguns de seus traços através de um artigo de Afrânio M. Catani, Vinicius de Moraes, crítico de cinema, publicado na extinta Filme Cultura há exatamente uma década. O autor se valia do livro de Ismail Xavier - Sétima Arte: Um Culto Moderno (Ed. Perspectiva) - para mostrar a ligação de Vinicius com o ideário do Chaplin Club e da revista Fan, dois pólos de reflexão cinematográfica fundados no Rio de Janeiro em 1928, aglutinando intelectuais como Octavio de Faria e Plínio Sussekind Rocha. [...]"
Jornal do Brasil, 14 dez. 1991
2"O limite do cineasta
Morreu anteontem um homem famoso por algo que fez há mais de 60 anos. Produtor, argumentista, roteirista, diretor e montador do filme Limite - rodado durante alguns meses entre 1930 e 1931 -, Mário Breves Peixoto sofreu uma parada cardíaca às 12h do último domingo em seu apartamento no bairro de Copacabana. Limite, o primeiro e único filme de Mário Peixoto, entrou para a história como uma das mais importantes obras do cinema brasileiro. Graças a Saulo Pereira de Mello e Plínio Sussekind Rocha, o filme foi restaurado e salvo do descaso cultural reinante. Mário Peixoto, morto aos 83 anos, será enterrado hoje, no Cemitério São João Batista, às 16h. [...]
Limite traz, sem dúvida, erudição e movimentos de câmera inéditos para o Brasil dos anos 30. Tudo isto, no entanto, não foi suficiente para que o filme obtivesse maior atenção. Com o passar do tempo, a cópia de Limite sofreu desgastes irreversíveis. Em 1959, o então estudante de física Saulo Pereira de Mello juntou-se ao seu professor Plínio Sussekind Rocha no projeto de restauração do filme. "Foi um processo difícil e cuidadoso. Naquela época não havia consciência da necessidade da recuperação de Limite. Foi um trabalho artesanal, com poucos recursos", lembra Saulo Pereira de Mello. [...]"
Jornal do Brasil, 04 fev. 1992
3"Fragmentos de Brasil
Cineastas, videastas e pesquisadores denunciam descaso com preservação de imagens antigas do país e contam como recuperaram raridades até no exterior [...]
Como qualquer garimpo, a busca de imagens históricas depende de sorte e de fatalidades (leia abaixo). Procurando imagens para o filme Revolução de 30, de Sylvio Back, Francisco Moreira esbarrou no acervo americano da empresa Chairman & Greenberg. Soube que ali havia até cenas raríssimas dos gaúchos amarrando os cavalos no Obelisco, no Centro do Rio, mas, ao perguntar onde estavam, recebeu uma resposta surpreendente do responsável pelo acervo: "Guardamos essas cenas durante 50 anos. Como ninguém procurou e precisávamos de espaço, jogamos fora". [...]
Bem conservadas no exterior, as imagens às vezes chegam ao país com décadas de atraso. Foi o caso da cena do zepelim com a suástica nazista, em pleno Campo dos Afonsos, no Rio, encontrada por Marcello Dantas no Acervo do National Archives, de Washington. [...]
Também inacreditável foi o caso do filme Limite, clássico de 1931 de Mário Peixoto. A única cópia boa, que estava no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, foi jogada fora e o filme só foi revisto em 1972, restaurado ao longo de 13 anos pelo estudante de física Saulo Pereira de Mello e por seu professor, Plínio Sussekind Rocha. [...]"
Jornal do Brasil, 31 mar. 1996

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