| Levantamento Documental: José Leite Lopes (1970-1979) | ||
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| # | Transcrição | Periódico |
| 1 | "Justiça: do papel para a prática A partir da Revolução de 1964, os principais nomes de punidos ligados à área intelectual no país foram os seguintes: [...] 1969 [...] 23. José Leite Lopes, físico - aposentado com base no AI-5. [...] | Jornal do Brasil, 07 jan. 1973 |
| 2 | "Continuação da página 5 [...] Energia atômica sim. Mas em benefício de quem? [...] Correrá o risco o Brasil, sob a aparência de uma política de autonomia no domínio da energia nuclear, de ter um novo setor de sua economia subjugado pelo monopólio internacional? [...] O professor José Leite Lopes, físico teórico, trabalha atualmente no Laboratório de Física Nuclear Teórica, do Centro de Pesquisa Científica da França, em Strasburg. Sua carreira científica no Brasil, de onde saiu em 1966, desenvolveu-se no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas." | Jornal Opinião, 01 ago. 1975 |
| 3 | "Quem não dá anistia acaba pedindo" [...] "- Além da questão dos passaportes, qual o maior exemplo de intolerância do regime revolucionário? - Sem dúvida é a questão dos professores. Num país onde o número de pessoas bem informadas é pequeno, é inconcebível que o Governo se dê ao luxo de expulsar professores como Florestan Fernandes, imediatamente capturado pela Universidade de Toronto; Maria Yêda Linhares, pela Sorbonne, juntamente com José Leite Lopes; [...] A intolerância e a incompreensão do regime, acabou fazendo com que o nosso modesto sistema universitário passasse a contribuir com os mais complexos e sofisticados sistemas universitários do mundo. E o grotesco nisto tudo, é que o professor Florestan Fernandes produziu algumas de suas obras em parceria com um professor francês chamado Roger Bastide. O professor Bastide foi condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul pelo mesmo regime que cassou o professor Fernandes. [...]" | Jornal do Brasil, 19 mar. 1978 |
| 4 | "Informe JB Um caso Em 1968, no Governo Costa e Silva, o Itamarati promoveu uma retumbante campanha para estancar o que, no jargão da época, chamava de evasão de cérebros brasileiros e, na prática, era a hemorragia que as universidades e centros de pesquisa do país sofriam com a fuga de professores e cientistas para o resto do mundo. Almoçaram no Itamarati, para selar o pacto de convivência de pacífica do regime com os cientistas, os convidados que o Ministério mesmo escolheu. Presume-se, portanto, que fossem os que o Governo mesmo achou mais importantes. Pode-se percorrer hoje, com muito proveito, a lista de comensais. Ela tem os seguintes nomes: José Leite Lopes, físico nuclear. Foi aposentado pelo AI-5 e ensina em Estrasburgo. [...]" | Jornal do Brasil, 26 mar. 1978 |
| 5 | "Leite Lopes quer voltar ao Brasil com pleno direito O cientista brasileiro José Leite Lopes, punido pela Revolução e há dez anos no exílio, quer voltar ao Brasil desde que não seja "como turista ou professor contratado para fazer conferências, pois não sou estrangeiro. Não me sentiria bem em voltar, sem poder trabalhar na minha profissão e na qual o país investiu". Aposentado no Governo Costa e Silva, o cientista conseguiu, na França, o que seu mestre Einstein não obteve: a queda da lei que proíbe a nomeação de estrangeiros para lecionar em universidades. Aos 59 anos, José Leite vive hoje em Estrasburgo, sem conhecer suas noras e os dois netos: "Eu não posso ir lá. E eles não podem pagar aqueles Cr$ 22 mil para vir aqui me ver". (Página 23)" | Jornal do Brasil, 26 mar. 1978 |
| 6 | "José Leite Lopes, o físico que o AI-5 exportou "Ministério da Educação e Cultura - O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o Ato Institucional n.º 5, de 13 de dezembro de 1968 [...], resolve aposentar José Leite Lopes. [...]" "Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Portaria n.º 176-69: [...] resolve dispensar José Leite Lopes do cargo de professor-titular [...]. Rio de Janeiro, 31 de outubro de 1969. Assinado: Almirante Octacílio Cunha, presidente" [...] Estrasburgo - Rue de Pontonier, 14. O homem que vem abrir a porta do apartamento do último andar, entre desconfiado e surpreso, quer saber, em seu inconfundível sotaque franco-pernambucano: "Como é que vocês vieram me descobrir aqui?". No ano que vem, afinal, José Leite Lopes completaria 10 anos de exílio em silêncio, sem pôr os pés no Brasil. [...]" | Jornal do Brasil, 26 mar. 1978 |
| 7 | "Professor diz que Ato impediu o desenvolvimento científico [...] A afirmação é do presidente da Sociedade Brasileira de Física, professor José Goldemberg, ao comentar o caso do físico José Leite Lopes e seu desejo de retornar ao Brasil. O diretor do Departamento de Física da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professor Marcelo Dami, considerou "Importante para o país" a volta do físico José Leite Lopes, aposentado em 1969 pelo AI-5. [...] Um trabalho interrompido No dia 25 de abril de 1969, quando 44 professores, a maioria da então Universidade do Brasil (hoje UFRJ), foram demitidos pelo AI-5, concluiu-se a dispersão de um grupo de pesquisadores, reunidos inicialmente no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Desse grupo participaram os físicos José Leite Lopes, Mário Schenberg, César Lattes, Marcelo Damy, Jacques Danon, Moisés Nussenzveig, Samuel Mac-Dowell e Jayme Tiomno. [...]" | Jornal do Brasil, 27 mar. 1978 |
| 8 | "Única Solução Uma lei excepcional, o AI-5, permitiu ao Governo afastar da comunidade acadêmica e das pesquisas físicas o professor brasileiro José Leite Lopes. Outra lei excepcional permitiu ao Governo francês aproveitar os conhecimentos desse mesmo professor na Universidade de Estrasburgo. Da diferença de atitudes percebe-se também uma diferença intelectual entre dois regimes. Um se vale da força para afastar cientistas de laboratórios, outro se vale da capacidade legislativa para capturar cabeças privilegiadas. [...]" | Jornal do Brasil, 27 mar. 1978 |
| 9 | "Físicos querem a reintegração de seus colegas Professores do Departamento de Física Teórica da UFRJ pediram, ontem, ao Diretor do Instituto de Física, a reintegração dos físicos José Leite Lopes, Jayme Tiomno, Sara Castro Andrade e Elisa Frota Pessoa, além da anulação da aposentadoria post mortem do professor Plínio Sussekind da Rocha, todos punidos pelo AI-5. O pedido será examinado pela Congregação. O diretor do Departamento de Física Teórica, professor Luiz Pinguelli Rosa, disse que a punição desses professores "causou um trauma até hoje não superado". Para ele, os físicos teóricos que ficaram no Brasil são "uma geração que perdeu a liderança", que era exercida pelo Sr. Leite Lopes. (Página 16)" | Jornal do Brasil, 30 mar. 1978 |
| 10 | "Físicos teóricos pedem a reintegração de professores que foram punidos com AI-5 [...]" | Jornal do Brasil, 30 mar. 1978 |
| 11 | "Físicos do CBPF pedem a Geisel volta de professores que AI-5 demitiu em 1969 Cinquenta físicos, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, pedem a volta dos professores José Leite Lopes (fundador do CBPF), Jayme Tiomno e Elisa Frota Pessoa, demitidos do Centro em outubro de 1969 pelo AI-5, em carta que assinaram e que, provavelmente ainda hoje, será entregue ao Presidente Ernesto Geisel. [...]" | Jornal do Brasil, 31 mar. 1978 |
| 12 | "Montoro pede por cientistas Brasília - A reintegração nas tarefas de ensino e pesquisa dos cientistas alcançados pelos atos de exceção foi solicitada, ontem, da tribuna do Senado, pelo Senador Franco Montoro (MDB-SP). [...] pois "o desenvolvimento cultural é a base insubstituível do verdadeiro desenvolvimento nacional". [...] narrava o caso do físico José Leite Lopes, punido pelo AI-5 e atualmente professor na Universidade de Estrasburgo por nomeação do Presidente da França, Giscard D'Estaing [...]" | Jornal do Brasil, 01 abr. 1978 |
| 13 | "SBPC acha fundamental para a ciência nacional a volta do físico Leite Lopes São Paulo - O retorno ao Brasil do físico José Leite Lopes, punido pelo AI-5, foi considerado de fundamental importância para a ciência nacional pelo presidente da SBPC (Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência), Oscar Sala. "Ele é um homem respeitado e será bem aceito entre os cientistas", observou. [...]" | Jornal do Brasil, 02 abr. 1978 |
| 14 | "Montoro quer reabilitar cientistas [...] Segundo o Senador, a Comissão Parlamentar, a ser constituída, se incumbirá de fazer um levantamento dos nomes e situação dos cientistas que se encontram afastados do país. Um desses cientistas é o físico José Leite Lopes [...]" | Jornal do Brasil, 03 abr. 1978 |
| 15 | "Ex-secretária confirma que Eremildo tomou Rádio MEC [...] "Fica claro que a invasão tinha o fim objetivo de perseguir uma colega. Entre todas as instituições federais do Rio, ele escolheu a única dirigida por uma colega de Congregação da Faculdade", lembra a ex-secretária. A professora Maria Yedda também estava incluída na lista de 44 funcionários do MEC - a qual o físico José Leite Lopes se refere como "a lista do Eremildo" - que, em 1969, foram aposentados pelo AI-5. [...]" | Jornal do Brasil, 09 abr. 1978 |
| 16 | "Cientistas pedem por punidos [...] A nota faz um apelo para que os cientistas aposentados "sejam prontamente reintegrados às suas funções públicas, em particular os físicos Mário Schemberg, José Leite Lopes, Jayme Tiomno, Sarah de Castro Barbosa Andrade e Elisa Frota Pessoa; que seja revogado post morten o ato que aposentou o professor Plínio Sussekind da Rocha". O papel desses professores na formação de pesquisadores necessários ao desenvolvimento científico do país, é insubstituível, diz ainda a nota. [...]" | Jornal do Brasil, 13 abr. 1978 |
| 17 | "Sociedade de Física da USP pede reintegração de cinco cientistas que AI-5 cassou [...] "em particular os físicos Mário Schemberg, José Leite Lopes, Jayme Tiomno, Sara de Castro Barbosa e Elisa Frota Pessoa [...]" | Jornal do Brasil, 13 abr. 1978 |
| 18 | "Costa e Silva só puniu 12 dos 44 que Eremildo acusou [...] São eles: Elisa Esther Frota Pessoa, Guy José Paulo de Hollanda, Hugo Weiss, Jayme Tiomno, João Christóvão Cardoso, José Américo da Motta Pessanha, José Leite Lopes, Manoel Mauricio de Albuquerque, Maria Laura Mouzinho Leite Lopes, Maria Yedda Leite Linhares, Moema Eulália de Oliveira Toscano e Sarah de Castro Barbosa." | Jornal do Brasil, 16 abr. 1978 |
| 19 | "MDB pede por cientistas exilados [...] Para o líder da Oposição Senador Paulo Brossard (RS), o caso do cientista José Leite Lopes, aposentado no Brasil e contratado pela Universidade de Estrasburgo, lembra a frase de Renan sobre Silveira Martins: "o Brasil ou é um país de gênios e pode dispensar um homem destes ou é um país de néscios que não sabe o que faz"." | Jornal do Brasil, 25 abr. 1978 |
| 20 | "Ciência e silêncio no Brasil O cientista é o profissional do questionamento, e não pode sobreviver num país governado por profissionais da obediência (Do depoimento de um imunologista) [...] No auge do apoio financeiro à Física no Brasil, o Governo brasileiro mantém as suas mesmas perseguições políticas. - Continuam mais fortes do que nunca, o sistema autófago, mantendo as aposentadorias antigas e renovando, sempre que possível, as suas ameaças: negar verba para certos projetos de certos cientistas, negar vistos de saída, negar participação na vida pública de pessoas como José Leite Lopes, [...]" | Jornal do Brasil, 12 maio 1978 |
| 21 | "Informe JB De longe Saiu a segunda edição do livro Ciência e Libertação, do físico José Leite Lopes. Trata-se de uma investigação do que a pesquisa própria é capaz de fazer pelos países subdesenvolvidos. São lições de um professor brasileiro que, depois da passagem do AI-5 pela Universidade, foi ensinar em Estrasburgo." | Jornal do Brasil, 13 maio 1978 |
| 22 | "Centro de Física se recupera "A crise econômica atingiu um ponto grave em 1972 [...] Mas o fato de maior repercussão, que motivou o esvaziamento do Centro, foi político. Em 1969 foram demitidos José Leite Lopes e Jayme Tiomno, provocando um impacto na liderança científica do Centro, segundo seu diretor. Muita gente saiu nessa época, inclusive os alunos que faziam pós-graduação e que resolveram continuá-la no exterior. Esses alunos e alguns pesquisadores começaram a voltar em 1973. [...]" | Jornal do Brasil, 04 jun. 1978 |
| 23 | "Informe JB Um caminho da lógica A menos que o Governo resolva tomar o atalho de novos atos de coerção, o projeto de reformas abre o caminho para uma tênue revisão do alcance das punições revolucionárias. [...] Tome-se, então, o caso de cidadãos punidos pelos Atos que hoje estão proibidos de trabalhar no serviço público ou em entidades mantidas por verbas oficiais, como é o caso de dezenas de professores, entre eles o Sr. José Leite Lopes. Por terem sido retirados de seus cargos pelos Atos, não podem ocupar outros. Dividem-se entre o exílio e a abertura de escritórios particulares. [...]" | Jornal do Brasil, 25 jun. 1978 |
| 24 | "Anistia Um objetivo, muitas razões para buscá-lo [...] Para a vice-presidente do Movimento Feminino pela Anistia, é muito importante que ele conte com a participação de pessoas de profissões diferentes: - Cada profissional pode trazer para o Movimento a problemática particular que o estado de exceção traz para suas atividades. Como cientista, sinto de perto problemas de minha classe, como a aposentadoria compulsória de certos físicos, por exemplo, José Leite Lopes, Mário Schemberg, Jaime Tiomno, Sarah de Castro Barbosa e Elisa Frota Pessoa. Isso significa uma perda muito grande para a Física no Brasil. [...] | Jornal do Brasil, 04 jul. 1978 |
| 25 | "Professores punidos são os mais citados na cerimônia dos 15 anos da Coppe-UFRJ Os professores José Leite Lopes, punido pelo AI-5 e hoje no exterior, e Alberto Luís Coimbra, afastado da UFRJ por ato administrativo, foram os mais citados na solenidade que comemorou ontem o 15.º aniversário da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação) da UFRJ, na presença do Ministro da Educação, Euro Brandão. [...]" | Jornal do Brasil, 05 set. 1978 |
| 26 | "MEC vai rever todas as cassações na Universidade [dentre elas, a de José Leite Lopes] [...] O caminho que se abriu com o AI-5 | Jornal do Brasil, 23 maio 1979 |
| 27 | "Físico afastado pelo AI-5 volta em junho para dar três meses de aula na UFRJ O físico José Leite Lopes voltará em junho próximo ao Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, de onde foi aposentado compulsoriamente, em 1969. [...]" | Jornal do Brasil, 24 maio 1979 |
| 28 | "Leite Lopes volta à UFRJ por três meses Chega hoje ao Rio o físico José Leite Lopes, punido pelo AI-5 em 1969 e atual titular de Física Teórica de Altas Energias da Universidade de Estrasburgo, França. A convite do Instituto de Física da UFRJ e sob o patrocínio do CNPq, por três meses trabalhará na Universidade como professor-visitante. [...] ele vai participar, ao lado de outros 24 professores afastados da UFRJ, de manifestação a favor da reintegração automática e imediata dos docentes atingidos por atos institucionais. (Página 15)" | Jornal do Brasil, 23 jun. 1979 |
| 29 | "Físico cassado pelo AI-5 chega em visita e diz que se quiserem ele voltará "Se me quiserem, eu volto para ficar" - disse, ontem, o professor José Leite Lopes, ao desembarcar no Rio. [...]" | Jornal do Brasil, 24 jun. 1979 |
| 30 | "Físico nega vantagem do acordo "Não existe transferência de tecnologia no sentido de transferência de conhecimentos", disse ontem o físico José Leite Lopes, referindo-se ao programa nuclear brasileiro. Ressaltando não conhecer os pormenores do Acordo por ter estado ausente do país durante 10 anos, ele afirma que o que existe é a venda de projetos, plantas, fábricas e usinas "o que torna a tecnologia brasileira cada vez mais dependente". [...]" | Jornal do Brasil, 26 jun. 1979 |
| 31 | "Leite Lopes acha que é humilhante pedir reintegração De volta ao Brasil como professor visitante da UFRJ, o físico José Leite Lopes, cassado em 1969, recusa-se - por considerar uma nova e humilhante punição - a pedir reintegração nos cargos que ocupava por conquista intelectual. "Não acho que deva submeter-me, como cientista, ao julgamento de burocratas", diz o titular da cadeira de Física Nuclear e de Partículas da Universidade de Estrasburgo. Leite Lopes, que em três meses voltará à França, critica a importação de tecnologia pelo Brasil e aponta ainda uma lição a ser tirada do fracasso da tentativa brasileira de criar um programa próprio de energia nuclear: ou o Governo incentiva as novas pesquisas científicas ou o país será indefinidamente dependente. (Página 8)" | Jornal do Brasil, 01 jul. 1979 |
| 32 | "Leite Lopes de volta é quase um clandestino no país [...] Ciência não se curva a júri de burocratas José Leite Lopes passou os últimos 10 anos dizendo a si mesmo que não voltaria ao Brasil enquanto existisse o AI-5, uma das razões pelas quais recusou convite feito no ano passado por um grupo de físicos para que viesse ao país. O ato - "expressão máxima das arbitrariedades que ocorreram no país nos últimos 15 anos" - acabou e o físico voltou. Mas voltou como estrangeiro, como professor que é da Universidade de Estrasburgo, na França, visitante da UFRJ. Durante três meses ele vai dar cursos, seminários e terá discussões informais sobre as teses e pesquisas que desenvolveu desde que, demitido, foi para o exterior continuar seu trabalho. A seguir, a volta a Estrasburgo. Porque pedir a burocratas para ser reintegrado nos cargos que ocupava por merecimento, José Leite Lopes não vai. [...] Uma indignação, uma humilhação [...] Por que aceitou o convite do Departamento de Física Teórica da UFRJ para estes três meses? Em atenção a seus colegas físicos, pela vontade de saber o que eles andam fazendo, para trocar idéias, para entrar em contato com os estudantes futuros físicos e também por motivos sentimentais de rever parte da família e ver outra parte - dois netos - pela primeira vez. Mas tem também o lado amargo, o de José Leite Lopes ter que percorrer lugares que lhe recordam 1969, "quando algumas pessoas, não se sabe bem a razão, fizeram processos de delação, de calúnia, de falsos testemunhos, de dedodurismo que conduziram que conduziram a essa exclusão minha e de outros colegas, sem ao menos uma oportunidade de defesa". [...] Mundo científico calou desde 64 [...] Participação Debates livres, reuniões, seminários, discussões aconteciam sempre no CNPq (Conselho Nacional para o Desenvolvimento científico e tecnológico), segundo José Leite Lopes, um dos batalhadores por sua criação, em 1951. Durante vários anos, foi chefe do Setor de Física do CNPq, e mais tarde, membro do Conselho Deliberativo. [...] Obras são 100 no campo da Física Os trabalhos científicos de José Leite Lopes têm abordado problemas na teoria das forças nucleares, eletrodinâmica quântica, teoria dos campos, reações fotonucleares e interações fracas. Ultimamente construiu um modelo de estrutura dos leptons, contribuiu para a determinação teórica da massa dos mésons vetoriais. Trabalha ainda sobre os leptons pesados e questões da teoria dos campos de calibre. [...]" | Jornal do Brasil, 01 jul. 1979 |
| 33 | "O professor José Reis não vê motivos para que se anistiem os cientistas aposentados porque não considera que eles tenham cometido crimes Novo presidente da SBPC considera essencial volta de cientistas aposentados São Paulo - A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, desde 1974, vem reclamando a volta dos professores afastados e aposentados por força dos atos institucionais. Homens como o físico José Leite Lopes devem ficar no Brasil, porque são uma fonte de informação e desenvolvimento essenciais ao país. Essa é a opinião do novo presidente da SBPC, professor José Reis, 72 anos, e um dos fundadores da entidade. Eleito com 677 votos, o médico e jornalista José Reis venceu o fisiologista Alberto Carvalho da Silva (492 votos), professor aposentado pelo AI-5 e o biologista Crodowaldo Pavan (340 votos), e deverá manter-se à frente da SBPC até 1983. Ele pretende dividir as funções e obrigações de presidente com o físico José Goldemberg, que foi eleito vice-presidente com 1 mil 144 votos. [...]" | Jornal do Brasil, 02 jul. 1979 |
| 34 | "Presidente da SBPC defende reintegração imediata dos cientistas sem burocracia [...] A liberdade é justamente o grande tema da 31.ª reunião da SBPC, que se realiza no momento em que voltam ao Brasil, com a perspectiva da anistia, grandes cientistas como o físico José Leite Lopes, da Universidade francesa de Estrasburgo, uma das personalidades do encontro. [...]" | Jornal do Brasil, 01 jul. 1979 |
| 35 | "Físico denuncia retenção de cientista brasileiro em Caracas sem passaporte Salvador - O físico nuclear José Leite Lopes, que leciona na Universidade de Estrasburgo, França, denunciou ontem, nesta Capital, que o cientista brasileiro Haity Moussatche, exilado na Venezuela, onde está o chanceler Saraiva Guerreiro, teve seu passaporte retido por autoridades brasileiras em Caracas e está impedido de voltar ao Brasil. Segundo o Sr. Leite Lopes, o cientista brasileiro atuava em pesquisas de Farmacologia no Instituto Oswaldo Cruz, em Manguinhos, foi aposentado por ato de exceção e exilou-se após a edição do AI-5. Atualmente, o farmacologista Haity Moussatche é professor e membro do Conselho de Pesquisas da Universidade Centro-Ocidental da Venezuela. [...]" | Jornal do Brasil, 27 jul. 1979 |
| 36 | "Itamarati contesta denúncia Brasília - [...] Segundo o porta-voz interino do Ministério das Relações Exteriores, o passaporte do cientista Haity Moussatche está pronto para ser retirado a qualquer momento, mas desde junho passado o Sr. Moussatche não retornou à Embaixada. A denúncia de que o Sr. Haity Moussatche - aposentado em 1969 quando era pesquisador no Instituto Oswaldo Cruz - não podia retirar seu passaporte foi feita na quinta-feira em Salvador pelo físico José Leite Lopes." | Jornal do Brasil, 28 jul. 1979 |
| 37 | "Informe JB Enquanto se convocam as Comissões através dos Canais competentes, o professor José Leite Lopes, um dos afastados da UFRJ e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas volta amanhã para a Europa para reassumir sua cátedra de Física na Universidade de Estrasburgo. Os pesquisadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas já encaminharam pedido para a sua reintegração, bem como a dos cientistas Jayme Tiomno, Eliza Frota Pessoa e Mário Schemberg, mas ainda não foram atendidos. O professor Leite Lopes volta à França mantendo a declaração de que, como não pediu para sair, não pede para voltar." | Jornal do Brasil, 09 set. 1979 |
| 38 | "Leite Lopes volta ao exílio e não pede reintegração O contraste entre o gigantismo do acordo nuclear Brasil-Alemanha e a falta de apoio e estímulo oficial ao desenvolvimento de técnicas nacionais no campo foi destacado pelo físico José Leite Lopes que, depois de 10 anos de exílio e três meses de Brasil, sem ter sido reintegrado à vida científica do país, volta amanhã à França, onde é professor titular da Universidade de Estrasburgo. [...] José Leite Lopes orgulha-se de haver pertencido a uma equipe de físicos que trabalhou, escreveu, dircursou e lutou pela realização de um programa nuclear voltado para os interesses nacionais do país, pelo treinamento intensivo de físicos, cientistas e tecnólogos, pelo aperfeiçoamento das universidades e pelo entrosamento entre estas, os institutos de pesquisa e a indústria nacional. [...]" | Jornal do Brasil, 09 set. 1979 |
| 39 | "A Argentina à frente, na corrida nuclear Os setores do governo que estão jogando tudo na manutenção do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha (e que pretendem mantê-lo à salvo das críticas nacionais a qualquer custo) tiveram, ontem, mais um dissabor, com as declarações do contra-almirante Carlos Castro Madero, da Comissão Nacional de Energia Atômica da Argentina. Comentando declarações do físico brasileiro José Leite Lopes, Madero afirmou que a Argentina está, efetivamente, à frente do Brasil, na corrida atômica. [...]" | Jornal da República, 11 set. 1979 |
| 40 | "Castro Madero confirma a vantagem nuclear da Argentina sobre Brasil Buenos Aires - O presidente da Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA) da Argentina, Almirante Carlos Castro Madero, confirmou ontem declarações do físico brasileiro José Leite Lopes, de que aquele país está à frente do Brasil no campo nuclear, mas não quis endossar a vantagem de 10 anos citada por Lopes. Castro Madero explicou que "os avanços, em número de anos, são uma apreciação subjetiva", mas não deixou de citar os sinais da supremacia argentina, assinalando, dentre outros fatos, que seu país "vem formando recursos humanos na área há mais de 30 anos, o que nos dá uma vantagem segura em termos cronológicos". [...]" | Jornal do Brasil, 11 set. 1979 |
| 41 | "Condições de trabalho não são apenas níveis de remuneração e instalações Cientistas esquivos [...] José Leite Lopes não é um cientista comum. É um humanista de alta estirpe, um intelectual preocupado com os destinos de seu povo. Poucos homens conheço que queiram tanto ao seu país e, ao mesmo tempo, de que o seu país tanto precise. Mas lá se vai ele de volta para a sua cátedra em Estrasburgo. Ficaria, se outras fossem as condições aqui." | Jornal da República, 13 set. 1979 |
| 42 | "Nazistas de SP ameaçam calar esquerdistas O acordo nuclear com a Alemanha e a ideologia de esquerda são temas constantes nas ameaças, por telefone, a artistas, professores e intelectuais de São Paulo, feitas desde de 18 de dezembro pelo Movimento de Reorganização Nazista, que promete calar primeiro os comunistas Gregório Bezerra e Diógenes Arruda. Na noite daquele dia, dois rapazes invadiram a casa do físico Mário Schemberg, ferindo sua mulher, D Lourdes Cedran. Também foram ameaçados os Srs Mário Gruber, Alberto Castiel, Alberto Luiz da Rocha Barros, Fábio Magalhães, Maurício Segall, Anésia Pacheco Chaves, a mulher do empresário José Mindlin e mencionados os fisicos Luiz Pinguelli Rosa e José Leite Lopes. O DOPS investiga. (Pág. 19)" | Jornal do Brasil, 19 out. 1979 |
| 43 | "A gravação de dois telefonemas Os dois últimos telefonemas ao artista Mário Gruber foram gravados. O primeiro começou às 14h 15m do dia 13, o outro foi logo em seguida. Como todos os outros, a mesma voz feminina. Quem atendeu primeiro foi o secretário do artista. A impressão é de ligação de telefone público. A voz mencionou a artista Anésia Pacheco Chaves, D Lourdes Cedran, o artista Fábio Magalhães, a mulher do empresário José Mindlin, e os físicos Mário Schemberg, Luiz Pinguelli Rosa e José Leite Lopes. [...]" | Jornal do Brasil, 19 out. 1979 |
| 44 | "UFRJ vai readmitir 17 professores pela Lei da Anistia Dos 30 professores da UFRJ punidos por atos institucionais e complementares, 17 poderão ser readmitidos, entre eles, o físico José Leite Lopes [...]" | Jornal do Brasil, 27 dez. 1979 |
| 45 | UFRJ pede ao MEC que sejam readmitidos nomes de dois professores omitidos [...] "Entendemos que eles [Alberto Coelho de Sousa e Miriam Limoeiro Cardoso] são tão professores da UFRJ quanto os demais" - disse o presidente da ADUFRJ, Luiz Pinguelli Rosa - "e estamos preocupados com a concretização da volta de todos aqueles que concordam com a volta. Não lutamos apenas pelos mais conhecidos, aqueles nos quais o Governo não tem interesse, como o físico José Leite Lopes, mas por todos. A CARTA O físico José Leite Lopes, um dos fundadores do Centro Brasileiro Pesquisas Físicas, catedrático de Física Teórica e Física Superior na época de sua cassação, e atualmente, professor da Universidade Louis Pasteur, de Estrasburgo, na França, divulgou a carta que mandou à UFRJ em resposta à consulta sobre se estaria ou não interessado em ser reintegrado às suas funções acadêmicas na UFRJ. [...]" | Jornal do Brasil, 30 dez. 1979 |
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