Levantamento Documental: Jayme Tiomno (1970-1979) | ||
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# | Transcrição | Periódico |
1 | "Minas no vale da decisão XIV "Piscina" e contrôle do reator de potência tipo Trigga, de 10 kw., do Instituto de Pesquisas Radioativas que está colocando Minas nas fronteiras da idade nuclear. Urânio, tório, nióbio estão na alça de mira do IPR, num Estado que vai dar o salto atômico, embora continue fazendo, pela pobreza de suas populações, uso energético da lenha. Da lenha às bordas da era atômica [...] Desenvolvem-se as pesquisas de Bernardo Gross, Costa Ribeiro, no campo da Física Experimental, concentrada sôbre o domínio dos dielétricos. Em São Paulo, físicos teóricos liderados por Mário Schenberg trabalham na teoria quântica de eléctron, na mecânica quântica e na teoria da radiação cósmica, enquanto outra equipe experimental, comandada por Gleb Wataghin, realiza investigações sôbre radiação cósmica. Marcelo Damy e Oscar Sala, César Lattes, Jayme Tiomno, Guido Beck, Paulo e Jorge Leal Ferreiras, Souza Santos, Eliza Frota Pessoa, Hervásio de Carvalho, J. Leite Lopes fazem, com saber e abnegação, o Brasil ingressar na era da Física Nuclear. [...]" | Correio da Manhã, 1970 |
2 | "José Leite Lopes, o físico que o AI-5 exportou [...] 1942 [...] Um físico russo-italiano, Wataghin, instalava o Departamento de Física da Faculdade de Filosofia da USP, de que surgiria o primeiro grupo de físicos brasileiros: Cesar Lattes, Marcelo Dami de Souza Santos, Jayme Tiomno, Walter Schueltzer. [...] Em fins de 49 estava criado o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas: João Alberto como presidente, Cesar Lattes diretor científico, Leite Lopes responsável pela parte teórica, e mais Costa Ribeiro, Cintra do Prado, Nelson Lins de Barros e Eliza Frota Pessoa. Logo depois, de volta dos Estados Unidos, se incorporaria ao grupo Jayme Tiomno. Os recursos vinham da Confederação das Indústrias, da família Guinle e do Sindicato da Construção Civil. Em pouco tempo o Centro se tornaria conhecido no exterior e já em 1951 vários físicos de renome chegavam ao Rio para colaborar nos trabalhos, como Feinmann, Camerini, Oppenheimer, Wigner, Yang. [...]" | Jornal do Brasil, 26 mar. 1978 |
3 | "Professor diz que Ato impediu o desenvolvimento científico [...] Um trabalho interrompido No dia 25 de abril de 1969, quando 44 professores, a maioria da então Universidade do Brasil (hoje UFRJ), foram demitidos pelo AI-5, concluiu-se a dispersão de um grupo de pesquisadores, reunidos inicialmente no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Desse grupo participaram os físicos José Leite Lopes, Mário Schenberg, Cesar Lattes, Marcelo Damy, Jacques Danon, Moisés Nussenzveig, Samuel Mac-Dowell e Jayme Tiomno. [...] Amor à Arte O gosto pela arte é comum entre os físicos. No apartamento de Jayme Tiomno, na Lagoa, há quadros ocupando praticamente todas as paredes. "Leite e o Mário também gostam muito de pintura", explica o físico enquanto procura informar-se sobre as intenções do repórter. Cauteloso, ele quer saber se vai ser construtivo recordar a história do Centro e de um grupo de físicos jovens que no fim da década de 40 e durante a década de 50 formaram o Centro Científico mais importante do país, um centro conhecido internacionalmente e que mantinha contatos com vários Prêmios Nobel na especialidade. [...] Sem recursos [...] Entre 1940 e 1960 o Centro tinha grande prestígio no exterior e era uma das grandes instituições de física do mundo, segundo o professor Jayme Tiomno, mas já nos primeiros anos da década de 60, começou uma crise financeira, crise que começou no Governo Kubitscheck, diminuiu ligeiramente no Governo Janio Quadros e seguiu durante o período de Goulart, agravando-se ainda mais após 1964 para culminar em 1968 com o afastamento de pesquisadores e a retirada voluntária de outros. [...] Em Brasília [...] Jayme Tiomno pediu demissão, junto com praticamente todo o corpo docente da UNB e voltou para o Rio, onde encontrou um ambiente tenso e em consequência disso partiu para a Itália. No ano de 1967 chegou até ele a notícia de que estava aberta a cadeira de Física Superior, na USP, e alguns amigos instaram-no para que fizesse o concurso, o que acabou fazendo e obtendo a cadeira. Sua volta para São Paulo foi cheia de esperanças. A USP não tinha sido muito afetada, havia condições para a pesquisa e recursos. Em seu discurso de posse, Tiomno historiou as dificuldades da UNB e na UB, referindo-se aos prejuízos que a pesquisa e ensino sofriam com isso. "Muita gente disse que eu fui cassado por causa desse discurso, mas eu não acredito nisso, tanto que a cassação só veio dois anos depois". [...]" | Jornal do Brasil, 27 mar. 1978 |
4 | "Parlamentar pede urgência na volta dos cientistas ao país Brasília - O vice-presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, Deputado Otacílio Queiroz (MDB-PB), disse ontem que "torna-se urgente e inadiável o retorno ao país de todos os nossos cientistas que se encontram no exterior por força de punições, sendo-lhes restaurados todos os direitos e cargos que antes desempenhavam". "A Nação" segundo o Deputado Paraibano, "não poderia jamais reeditar os tempos de Giordano Bruno ou copiar os atentados à liberdade humana dos regimes totalitários de Stalin e Hitler e a Pinochet, pois os atos de violência contra cientistas situam-se plenamente entre os extremos da violência mais retrógrada e de ridículo nacional". [...] Concluindo, o Deputado oposicionista afirmou que não há até o presente a participação necessária e inadiável dos cientistas nucleares brasileiros no chamado projeto nuclear do Governo, tendo sido aposentados, demitidos ou obrigados a viver fora do país, físicos como Leite Lopes, Jayme Tiomno ou Mario Schenberg. [...]" | Jornal do Brasil, 28 mar. 1978 |
5 | "Físicos do CBPF pedem a Geisel volta de professores que AI-5 demitiu em 1969 Cinquenta físicos, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, pedem a volta dos professores José Leite Lopes (fundador do CBPF), Jayme Tiomno e Elisa Frota Pessoa, demitidos do Centro em outubro de 1969 pelo AI-5, em carta que assinaram e que, provavelmente ainda hoje, será entregue ao Presidente Ernesto Geisel. [...] A CARTA "Exmo. Sr. Presidente da República, General Ernesto Geisel. Os pesquisadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, vêm em nome da tradição científica desta instituição, solicitar a Vossa Excelência a reintegração nos seus quadros de pesquisa dos professores José Leite Lopes, Jayme Tiomno e Elisa Frota Pessoa, demitidos do CBPF em 31 de outubro de 1969 como consequência do Ato Complementar 75. Seria desnecessário relembrar a Vossa Excelência, e falamos novamente em nome da tradição deste Instituto, da contribuição dada à cultura científica brasileira por estes pesquisadores. [...]" | Jornal do Brasil, 31 mar. 1978 |
6 | "Eremildo Vianna nega que tenha cometido crime em sua carreira O Sr. Eremildo Luiz Vianna afirma, em carta ao JORNAL DO BRASIL, que foi inocentado pela Justiça do Estado da Guanabara e Federal, não tomou de "assalto" a Rádio MEC, em 1964, nem pode ser responsabilizado por cassações e aposentadorias de professores da então Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, da qual foi diretor. [...] O Sr. Eremildo Vianna responde a declarações dos professores Leite Lopes e Jayme Tiomno, e também ao Informe JB. A carta [...] em entrevista de domingo, dia 26/3, o professor Leite Lopes, assim como no dia 27/3, o professor Jayme Tiomno, aposentados da Universidade Federal do Rio de Janeiro, referiram-se a fatos que ligaram a meu nome, quando exerci a diretoria da antiga Faculdade Nacional de Filosofia e a do Serviço de Radiodifusão Educativa (que abrange a Rádio MEC e a Rádio Educativa de Brasília). [...] Quem foi legitimamente investido da função não é posseiro. Nem também o adjetivo cabe, no que diz respeito ao serviço de Radiodifusão Educativa (Rádio MEC), pois saiba o Sr. Jayme Tiomno que fui nomeado pelo Comando Revolucionário para exercer as funções de diretor daquele serviço. [...]" | Jornal do Brasil, 06 abr. 1978 |
7 | "Ex-secretária confirma que Eremildo tomou Rádio MEC "Eremildo foi posseiro, por oito dias, da Rádio MEC". A afirmação é da Sra. Sandra Ribeiro da Costa, ex-secretária do Serviço de Radiodifusão Educativa e responsável pelo órgão no dia 2 de abril de 1964, quando, segundo seu relato, o Sr. Eremildo Vianna, professor da antiga Faculdade Nacional de Filosofia, comandou um grupo armado que invadiu a estação. Lá ele permaneceu, sem apoio de nenhum decreto, até o dia 10. Desmentindo as afirmações do Sr. Eremildo Vianna em carta ao JORNAL DO BRASIL, a Sra. Sandra Ribeiro da Costa confirmou as declarações do físico Jayme Tiomno, aposentado pelo AI-5 em 1969, de que o professor da FNFi tomou, armado, a Rádio MEC. Acrescentou que não quer promover o Sr. Eremildo Vianna e só faz esta denúncia em apoio aos cientistas aposentados [...]" | Jornal do Brasil, 09 abr. 1978 |
8 | "Cientistas pedem por punidos São Paulo - Um novo apelo pela reintegração dos cientistas aposentados pelo AI-5 e a denúncia da existência "ainda hoje de cassações brancas que incidem sobre um grande número de pesquisadores ativos no Brasil" são dois pontos principais da nota divulgada, ontem, pelo Conselho da Sociedade Brasileira de Física. A nota faz um apelo para que os cientistas aposentados "sejam prontamente reintegrados às suas funções públicas, em particular os físicos Mário Schemberg, José Leite Lopes, Jayme Tiomno, Sarah de Castro Barbosa Andrade e Elisa Frota Pessoa: que seja revogado post morten o ato que aposentou o professor Plínio Süssekind da Rocha". O papel desses professores na formação de pesquisadores necessários ao desenvolvimento científico do país é insubstituível, diz ainda a nota. [...]" | Jornal do Brasil, 13 abr. 1978 |
9 | "Sociedade de Física da USP pede reintegração de cinco cientistas que AI-5 cassou [...] "em particular os físicos Mário Schemberg, José Leite Lopes, Jayme Tiomno, Sarah de Castro Barbosa e Elisa Frota Pessoa. O Conselho da SBF pediu também que seja revogado post-mortem o ato que aposentou o professor Plínio Süssekind da Rocha, e autorizou o presidente da Sociedade, Sr. José Goldemberg, a solicitar uma análise de fatos semelhantes ocorridos em outras entidades científicas brasileiras, como as de Matemática, Biologia, Química e Bioquímica. [...]" | Jornal do Brasil, 13 abr. 1978 |
10 | "Costa e Silva só puniu 12 dos 44 que Eremildo acusou [...] São eles: Elisa Esther Frota Pessoa, Guy José Paulo de Holanda, Hugo Welss, Jayme Tiomno, João Christóvão Cardoso, José Américo da Motta Pessanha, José Leite Lopes, Manoel Maurício de Albuquerque, Maria Laura Mouzinho Leite Lopes, Mariá Yedda Leite Linhares, Moema Eulália de Oliveira Toscano e Sarah de Castro Barbosa." | Jornal do Brasil, 16 abr. 1978 |
11 | "O cientista é o profissional do questionamento, e não pode sobreviver num país governado por profissionais da obediência [...] No auge do apoio financeiro à Física no Brasil, o Governo brasileiro mantém as suas mesmas perseguições políticas. - Continuam mais fortes do que nunca, o sistema autófago, mantendo as aposentadorias antigas e renovando, sempre que possível, as suas ameaças: negar verba para certos projetos de certos cientistas, negar vistos de saída, negar participação na vida pública de pessoas como José Leite Lopes, Jayme Tiomno, Sarah Castro de Andrade, Elisa Frota Pessoa, Alberto Carvalho da Silva, Isaias Raw, e outros. [...]" | Jornal do Brasil, 12 maio 1978 |
12 | "Centro de Física se recupera Depois de uma crise que chegou a ameaçá-lo de desaparecimento, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas é hoje novamente um dos núcleos mais importantes da ciência no país. [...] Apesar disso, o Centro enfrenta um problema. Não pode crescer mais, por absoluta falta de espaço. [...] O CBPF nasceu em 1949 como instituição particular voltada para a pesquisa fundamental em Física. Criado por cientistas como Cesar Lattes, Leite Lopes e Jayme Tiomno, visava a preencher um vazio: a inexistência de um instituto dedicado à pesquisa da Física. [...] "A crise econômica atingiu um ponto grave em 1972, quando o BNDE passou a exigir que o CBPF tivesse vínculo com alguma Universidade para receber as subvenções. [...] os recursos começaram a minguar. [...]" Mas o fato de maior repercussão, que motivou o esvaziamento do Centro, foi político. Em 1969 foram demitidos José Leite Lopes e Jayme Tiomno, provocando um impacto na liderança científica do Centro, segundo seu diretor. Muita gente saiu nessa época, inclusive os alunos que faziam pós-graduação e que resolveram continuá-la no exterior. Esses alunos e alguns pesquisadores começaram a voltar em 1973. [...]" | Jornal do Brasil, 04 jun. 1978 |
13 | "Cientistas querem reintegração A revogação das aposentadorias compulsórias e das cassações de direitos políticos de professores e cientistas atingidos pelo AI-5, sua reintegração profissional o o fim da intervenção dos órgãos de segurança nas universidades, nos ministérios e nas instituições de pesquisa foram pedidos ontem pela SBPC, regional Rio e pela Sociedade Brasileira de Física (SBF), nacional e regional Rio. [...] O secretário-geral da SBF, professor Luis Pinguelli Rosa, vê o fim do ato como o reconhecimento de uma situação interna do país [...]. Para ele, as aposentadorias compulsórias aplicadas a cientistas através do AI-5 foram injustas, arbitrárias e puramente políticas tendo como consequência, no âmbito da física, a interrupção de seu desenvolvimento normal. Lembra a cassação dos professores Leite Lopes, Jayme Tiomno, Mário Chemberg, Plínio Süssekind, Sarah de Castro Barbosa e Elisa Frota Pessoa. Aposentados compulsoriamente em 1969 pelo AI-5, através do ato complementar eles foram proibidos de trabalharem em órgãos governamentais ou privados que recebam ajuda governamental. [...]" | Jornal do Brasil, 03 jan. 1979 |
14 | "SBPC no Rio reúne cientistas A Estabilidade das Instituições Científicas será o tema da mesa redonda [...] numa iniciativa com a regional fluminense da SBPC, Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência. Focalizará, em especial, o problema da Fundação Instituto Osvaldo Cruz. Vão participar dos debates o professor Carlos Chagas Filho, ex-diretor do Instituto de Biofísica da UFRJ e membro da Academia Pontifícia de Ciência, no Vaticano; o físico Jayme Tiomno, atualmente na PUC-Rio; e o professor Herman Lent, presidente da Comissão de Redação dos Anais e publicações da Academia Brasileira de Ciências, pesquisador de Manguinhos, aposentado pelo AI-5, e uma das maiores autoridades em Entomologia." | Jornal do Brasil, 05 mar. 1979 |
15 | "SBPC no Rio reúne cientistas [...]" | Jornal do Brasil, 06 mar. 1979 |
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